Especialistas criticam distribuição de slots da Avianca e falam em risco para passageiros

Especialistas criticam distribuição de slots da Avianca e falam em risco para passageiros

A redistribuição dos slots (processo de distribuição dos horários de partidas e chegadas) da Avianca Brasil no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, ainda está gerando polêmica. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) deixou com a Azul, MAP e Passaredo as permissões no local, que é considerado o filé mignon da aviação brasileira. A Two, que possui aeronaves com capacidade para apenas nove passageiros, só poderá operar na pista auxiliar.

A disputa, que começou com a recuperação judicial da Avianca em dezembro no ano passado, envolveu um leilão dos ativos para a Gol e a Latam, não aceito pela Anac, brigas entre credores e entre as próprias empresas. Esta guerra toda tem um motivo, afinal de contas o terminal abriga as jóias do mercado, as rotas mais importantes partindo da capital paulista, incluindo a ponte-aérea São Paulo-Rio de Janeiro.

 

A abertura a uma série de novos entrantes aumenta o número de companhias no terminal, mas não acirra a competição. De acordo com o analista do setor de aviação, Cláudio Magnavita, há um sério risco da concentração continuar e as passagens permanecerem com preços abusivos. “E também há uma coisa preocupante: duas dessas novas entrantes, a MAP e a Passaredo, possuem golden share com a Gol, ou seja, esses novos slots vão estar beneficiando, indiretamente, uma das maiores empresas, que já tem a operação majoritária em Congonhas. São reflexões que precisam ser feitas em defesa dos passageiros, já que as passagens [o valor delas] estão astronômicas”, explicou.

 

As empresas terão até do dia 9 de agosto para comprovar que possuem os requisitos exigidos para operação em Congonhas.  Segundo Magnavita, operar slots com aeronaves menores e, consequentemente, com poucos assentos, representa o uso ineficiente do aeroporto. “Uma das preocupações também é utilizar o espaço mais nobre da aviação para aviões de médio porte. Aeronaves com menos de 100 passageiros. O certo, para um espaço tão nobre na aviação, era ter aviões maiores, democratizar o uso desses slots”, afirmou.

 

O presidente do Fórum Brasileiro para o Desenvolvimento da aviação Civil, Décio Correia, afirma que o setor necessita de ajustes, pois a corda sempre estoura para o lado do usuário. “Mais de 50% da conexões são feitas no aeroporto de Congonhas, e nós estamos falando de briguinhas por slots. Tira de um, dá para outro… Essa é uma guerra na qual a perda é para o usuário. O usuário é o grande perdedor disso.”

 

Pela redistribuição da Anac, a Azul, que já atua no local, fica com 15 slots, a MAP, com 12, e a Passaredo com 14.

 

Fonte: Jovem Pan